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Especial Moradas 02 – Persevera

Aproveitando que ontem foi o dia de São João da Cruz, voltaremos, hoje, a falar sobre o livro de sua irmã na fé, Santa Teresa d’Ávila. No primeiro texto em que falamos sobre Castelo Interior (“Entra no Castelo”), entendemos que as primeiras moradas do “nosso castelo” são descobertas através da oração. Através dela, é possível entendermos e reconhecermos nossas fraquezas de forma mais fácil e clara, abrindo-nos para a ação de Deus.

Continuando o caminho rumo ao centro do castelo, precisamos passar pelas segundas moradas. Essas, segundo Teresa, são as moradas dos que já começaram a ter vida de oração e sabem que não basta permanecer nas primeiras moradas. Contudo, aqui surge a primeira grande dificuldade: mesmo sabendo da necessidade de prosseguir, é preciso abandonar as situações de pecado e de desvio.

Por saberem da necessidade de prosseguir, o trabalho se torna muito mais árduo nesta etapa. Não se está mais como nas moradas anteriores em que não se sabe de nada, mas existem, agora, chamamentos por parte de Deus, que se dão através de boas leituras e homilias, dos trabalhos e situações do dia a dia, das doenças e, também, das próprias experiências de oração. A autora compara os que estão nos primeiros aposentos a surdos-mudos no trabalho de manter silêncio, ou seja, têm facilidade, pois não ouvem e não tem como falar, já os segundos, ouviram e entenderam, mas não podem falar. Sendo assim, muito mais desejável o trabalho dos últimos, pois puderam ouvir, porém é preciso esforço para guardar o silêncio.

Como se já não bastassem as nossas próprias inclinações e as dificuldades encontradas neste ponto, os demônios começam a querer nos confundir e isso ocorre de maneira sutil e disfarçada. É comum às almas nesta fase que se tenham na mente falsos cuidados pela saúde diante das penitências ou estimas excessivas por coisas e pessoas, mas que, pelo excesso, não são salutares. Aqui, é preciso às almas verdadeira perseverança! O olhar fixo no centro do castelo, a consciência da paz e da segurança só encontradas ali e a certeza do encontro com o Hóspede dão à alma a razão e a força para perseverar.

Confiante e auxiliada pela graça de Deus, para a alma, duas outras coisas são fundamentais nesta etapa: buscar e conviver com pessoas que estão passando por ela ou já passaram, pois podem transmitir experiência e força; e a humildade de entender que este é só o começo, quando se inicia a construção de um precioso e grande edifício. Ainda não é, portanto, o momento do gozo, mas, novamente, de perseverança, de abraçar a Cruz e aceitar, com amor, a aridez das orações.

Neste ponto, usaremos as palavras da própria Teresa para introduzi-los: “Sua Majestade sabe melhor, o que nos convém; não temos de Lhe aconselhar o que nos há de dar, pois pode com razão dizer-nos que não sabemos o que pedimos. Toda a pretensão de quem começa a ter oração (e não vos esqueça isto, pois importa muito) há de ser trabalhar e determinar-se e dispor-se, com quanta diligência puder, a fazer conformar a sua vontade com a de Deus; e – como direi depois -, estai bem certas[1]  que nisto consiste toda a maior perfeição, que se pode alcançar no caminho espiritual”.

Ela, neste ponto, quer nos alertar para a inclinação de querermos sempre que nossa vontade seja feita, mas ainda estão estas almas no princípio da construção do edifício, não se sabe pedir, o que pedir, nem como pedir. Para isso, deveremos pedir somente uma coisa: que o Espírito Santo peça por nós.

Por fim, nossa querida Santa Teresa nos adverte com qual tranquilidade devemos lutar contra nossas faltas. Neste momento, Deus permite, muitas vezes, que as almas caiam para experimentar da própria miséria para que, ao levantar, tirem daí ainda maior bem. Se assim não fosse, talvez não tivessem as almas consciência da sua fraqueza. Mas um mal deve ter atenção: o abandono da oração. Teresa enfatiza que a única solução é retomá-la, não existe outra saída, pois sem ela não podemos entender a vontade de Deus.

É perceptível a importância desta fase, eis que é a hora que se testa a perseverança, o quanto a alma está disposta a chegar ao centro do Castelo. Também se vê como ela reagirá diante das suas quedas e fraquezas e do reconhecimento da sua pequenez. Sejamos perseverantes! Aceitemos e agradeçamos pela dependência que temos do Pai, soframos agradecidos a aridez e as cruzes que temos que enfrentar, pois o Hóspede nos aguarda ansioso no aposento principal![2]

[1] Teresa escreveu dirigindo-se às freiras do Carmelo

[2] Santa Teresa d’Ávila, Castelo Interior, Segundas Moradas

Reflexos de Salvação 25 – São João da poesia divina

São João da Cruz foi um religioso carmelita, nascido na Espanha, tornado doutor da Igreja, grande pregador e místico. Homem de fé inabalável, chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo, até que conseguiu fugir. Desta forma, aprendeu a transformar, em Deus e por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos. De muitos de seus pedidos, três bastantes incomuns tomaram grande notoriedade: primeiro, a força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro, morrer desprezado e escarnecido pelos homens.

Foi, também, um grande escritor e poeta. Grande parte de seus escritos e ensinamentos vêm, justamente, de suas poesias, que com particular grau de compreensão acerca das coisas do céu, nos guiam num itinerário claro e certeiro. Hoje, justamente através de um de seus romances, lançar-nos-emos sobre o mistério natalino.

Já vimos, aqui em nossa página, a importância do tempo do Advento para nós, Cristãos. Vimos, igualmente, que uma das figuras mais importantes deste tempo é Maria, a mãe do Salvador. Queremos, então, neste dia dedicado a São João da Cruz, por sua poesia, aprofundarmo-nos e melhor compreendermos o princípio de tudo: a anunciação. Permitamo-nos sermos embalados por estes versos até aquele dia memorável, em que o anjo do Senhor anunciou àquela Virgem a nossa salvação e de toda a humanidade.

Então chamou-se um arcanjo

Que S. Gabriel se dizia,

Enviou-o a uma donzela

Que se chamava Maria,

De cujo consentimento

O mistério dependia; [1]

Atentemos para os dois últimos versos: “de cujo consentimento o mistério dependia”. Deus, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem, nem teve, jamais, necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a manifestação de sua glória. Basta-lhe querer para tudo fazer. Entretanto, quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem. Como não sendo suficiente se fazer dependente do consentimento de uma criatura para nascer, fez-se submisso por toda a sua infância: dela se alimentou, com a ela aprendeu a falar, a andar e até a rezar.

A dependência de Jesus a Maria nos ensina, justamente, um modo de viver. São Luís Maria de Montfort nos diz, em seu tratado à verdadeira devoção à Ssma. Virgem:

“Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus, de que nos foi dado conhecer o preço e a glória infinita, pois o Espírito Santo não a pôde passar em silêncio no Evangelho, como incógnitas nos ficaram quase todas as coisas maravilhosas que fez a Sabedoria encarnada durante sua vida oculta. Jesus Cristo deu mais glória a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo”.[2]

Na qual a santa Trindade

De carne ao Verbo vestia;

E embora dos três a obra

Somente num se fazia;

Ficou o Verbo encarnado

Nas entranhas de Maria.

“O Verbo encarnado” é uma daquelas verdades com as quais estamos tão habituados, que já quase não nos impressiona pela grandeza do acontecimento que ela exprime: algo absolutamente impensável, que só Deus podia realizar, e no qual podemos entrar só mediante a fé.

“O Logos, que está em Deus, o Logos que é Deus, o Criador do mundo, por Quem foram criadas todas as coisas, que acompanhou e acompanha os homens na história com a sua luz, torna-se um no meio dos outros, adquire morada entre nós, torna-se um de nós. […] Então, é importante recuperar a reverência diante deste mistério, deixar-se envolver pela grandeza deste acontecimento: Deus, o Deus verdadeiro, Criador de tudo, percorreu como homem as nossas estradas, entrando no tempo do homem, para nos comunicar a sua própria vida. E fê-lo não com o esplendor de um soberano que com o seu poder submete o mundo, mas com a humildade de um menino”.[3]

E o que então só tinha Pai,

Já Mãe também teria,

Embora não como outra

Que de varão concebia,

Porque das entranhas dela

Sua carne recebia;

Pelo qual Filho de Deus

E do Homem se dizia.

 

Das entranhas de Maria, o Verbo Eterno recebeu a Sua carne. Por meio da palavra de Maria, ela recebeu a própria Palavra. Ao proferir esta palavra humana, concebeu a divina! A partir de um sim tão transitório, acolheu o sim que nunca passa.[4] Por virtude do Espírito Santo, assim concebeu o Filho de Deus.

Percebamos que o relacionamento do Espírito Santo com Maria se deu de maneira muito especial na Anunciação: o evangelista são Lucas nos diz que a força do Altíssimo envolveu Maria com a sua sombra, que quer dizer ser revestido por uma especial virtude ou atributo de Deus para uma missão. Explica-nos S. João da Cruz:

“Efetivamente, quando a sombra de uma pessoa vem cobrir alguma outra, é sinal de que está perto para favorecer e amparar a esta última. Eis a razão pela qual o arcanjo Gabriel usou deste termo para comunicar à Virgem Maria a grande mercê da conceição do Filho de Deus, dizendo: << O Espírito Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te fará sombra >> (Lc 1,35)”.[5]

Estamos no tempo do Advento, ocasião de espera vigilante e de alegria. Nele recordamos a espera de Jesus no Natal e a sua vinda definitiva no fim dos tempos. Tomemos como exemplo, a partir destes belos versos de S. João da Cruz, a docilidade de Maria ao Espírito Santo, que jamais teve impressa na alma forma de alguma criatura, nem se moveu por ela; mas sempre agiu sob a moção do Espírito Santo[6] e esperemos, firmes, no Senhor que virá.

[1] S. João da Cruz, Romance 8º sobre a encarnação.

[2] São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, 18

[3] Bento XVI, Audiência Geral de 9 de Janeiro de 2013

[4] S. Bernardo de Claraval, Todo o mundo à espera da resposta de Maria.

[5] S. João da Cruz, Chama viva de amor, 3, 12.

[6] S. João da Cruz, 3 Subida do Monte Carmelo, 2, 10.

Especial Moradas 01 – Entra no Castelo

No último sábado, celebramos a memória da grande Santa Teresa de Jesus, também conhecida como Santa Teresa de Ávila, virgem e doutora. Ela, que reformou o Carmelo e fundou a Ordem das Carmelitas Descalças, é chamada de doutora, pois foi agraciada por Deus com grandes revelações místicas e nos presenteou com um rico patrimônio espiritual composto por obras como Caminho de Perfeição e Castelo Interior.

Seria impossível tentar resumir ou abarcar todo esse patrimônio deixado por Santa Teresa em apenas um texto, por isso nos dedicaremos apenas a uma parte da obra Castelo Interior, da qual faremos, antes, uma breve introdução. No livro citado, Teresa compara a alma humana a um castelo que deve ser desbravado a fim de encontrar a morada principal, onde se dá o encontro mais íntimo entre a alma e Deus[1]. Ela conduz as almas num caminho de sete moradas das quais trataremos apenas acerca da primeira.

Pode-se dizer que a primeira morada é um portal de entrada na vida espiritual.[2] Tudo começa quando compreendemos a preciosidade da nossa alma – Deus a fez à Sua imagem e semelhança – juntamente com o desejo de conhecê-la, lembrados sempre de nossa miséria diante do Pai e de Sua Misericórdia para conosco.[3] A partir disso, é preciso iniciar a entrada nesse castelo e o desvendamento da alma.

De maneira bem clara, a santa de Ávila aponta que a porta para entrar nesse castelo é a oração e a reflexão. A primeira, mais especificamente, de forma mental, pois é dela que vem a verdadeira entrada no castelo e, nela, a alma, mesmo em meio ao mundo, consegue reconhecer suas fraquezas e seus defeitos – o que já indica bom encaminhamento para a porta.[4]

Santa Teresa, logo em seguida, indica os perigos da alma que está em pecado mortal e adverte que as almas neste estado, por mais que façam obras boas, não contribuem para o alcance da glória,[5] pois só pode dar bons frutos a alma que bebe da água límpida e que é fonte da vida.[6] É preciso pedir a Deus que continue o governo da nossa alma, clareando os sentidos e nos guiando para melhor conhecê-la.

No caminho do castelo, é necessário que percorramos, sem pressa, por todas as moradas, não nos prendendo a um caminho em linha, mas deixando-nos saborear, em especial, nessa primeira do conhecimento de si, pois daí provêm a verdadeira compreensão da nossa fragilidade, a humildade e o distanciamento dos temores e covardias. Para isso, é preciso ter os olhos fixos em Cristo e buscar intercessão de Nossa Senhora e dos santos, pois são nas primeiras moradas em que o demônio mais combate as almas boas.[7] Nelas, ainda é difícil de ver a luz da morada principal devido às tantas coisas que não nos são necessárias, mas que ainda não abandonamos. Porém é preciso abandoná-las e perseverar para alcançar as moradas que se seguem, guardando sempre o amor a Deus e a caridade com os irmãos.[8]

Com tudo isso que vimos apenas em uma parte minúscula da obra de Santa Teresa de Ávila, podemos perceber o quanto Deus usou dessa serva que se sentia tão incapaz, mas que se doou por completa à vontade do Senhor.

Santa Teresa de Jesus, rogai por nós!

[1] Santa Teresa de Jesus, Livro das Moradas ou Castelo Interior, Primeiras Moradas, capítulo 1, n. 3

[2] Aleteia, “’Moradas da alma’: as etapas da vida mística segundo Santa Teresa de Ávila”

[3] Ibid 1, n. 1 e 2

[4] Ibid 1, n. 7 e 8

[5] Santa Teresa de Jesus, Livro das Moradas ou Castelo Interior, Primeiras Moradas, capítulo 2, n. 1

[6] Ibid 5, n. 2

[7] Ibid 5, n. 8, 9, 10, 11 e 12

[8] Ibid 5, n. 13, 14, 15, 16, 17 e 18

Reflexos de Salvação 17 – Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus

Santa Teresa de Lisieux não pôde frequentar uma Universidade e nem sequer realizou grandes estudos. Morreu jovem: entretanto, é honrada como Doutora da Igreja, como reconhecimento que a eleva na consideração da inteira comunidade cristã, muito para além de quanto possa fazê-lo um título acadêmico.[1]

A sua experiência convida os cristãos a se tornarem como crianças, pois “o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham”. O conceito de “infância espiritual” existe na Igreja desde o princípio. O próprio Cristo nos chama a sermos como criancinhas para entrarmos no Reino dos Céus.[2] Esta verdade atingiu seu cume nesta jovem carmelita do século XIX, Teresa Martin, também conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face.

À Teresinha era clara, à despeito das tendências Jansenistas de sua época e mesmo muito antes do Concílio Vaticano II, a vocação universal à santidade. A sua mensagem é muitas vezes sintetizada na chamada “pequena via”, que não é senão a via evangélica da santidade para todos.[3] Todos somos chamados ao Amor, que nos impele de tal forma a nos assemelharmos a pequenas crianças.

Em seus manuscritos autobiográficos, Teresinha descreve um sonho que teve em sua infância. Assim ela narra:

“Sonhei uma noite que saía a passear sozinha pelo jardim. Chegando ao pé dos degraus que precisava subir para ali chegar, estaquei tomada de pavor. Diante de mim, rente ao caramanchão, havia uma barrica de cal e sobre a barrica dançavam, com espantosa agilidade, dois medonhos diabinhos, não obstante os ferros de engomar que tinham nos pés. De chofre lançaram sobre mim seus olhares chamejantes. Mas ao mesmo instante, parecendo muito mais assustados do que eu, precipitaram-se da barrica abaixo e foram esconder-se na rouparia que ficava defronte.

Ao vê-los tão pouco valorosos, quis saber o que iriam fazer e acerquei-me da janela. Lá estavam os míseros diabinhos a correr por sobre as mesas, não sabendo o que fazer para se esquivarem do meu olhar. De vez em quando chegavam até a janela, e olhavam com um ar inquieto, se eu ainda estava lá e como sempre me avistassem, começavam a correr de novo como desatinados.

Sem dúvida, este sonho nada tem de extraordinário. Acredito, no entanto, que o Bom Deus permitiu que guarde sua lembrança, a fim de me provar que uma alma em estado de graça nada deve temer dos demônios, que são uns poltrões, capazes de fugir diante do olhar de uma criança”.[4]

Teresa é mestra para o nosso tempo, sedento de palavras vivas e essenciais, de testemunhos heroicos e críveis.[5] Nos inspiremos em tão admirável santinha, que viveu a grande aventura da experiência cristã, até conhecer a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo.[6] Façamos, então, como Teresinha: nos entreguemos por inteiro, como crianças, nos braços do Pai para d’Ele recebermos tudo.

[1] João Paulo II, Homilia por ocasião da atribuição do título de doutora da igreja a santa teresa do menino jesus e da santa fac, 1997

[2] Mt 18, 3

[3] João Paulo II, Divini Amoris, 2

[4] Teresa de Lisieux, História de Uma Alma, Manuscrito A

[5] João Paulo II, Divini Amoris, 2

[6] Ef 3, 18-19

Reflexos de Salvação 08 – A cruz: instrumento do amor divino!

Na última segunda-feira, dia 20 de junho, às 10h da manhã, hora italiana, o Papa Francisco presidiu, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico, no Vaticano, a celebração da Hora Média e o Consistório Ordinário Público, onde anunciou a Canonização de cinco beatos, dentre eles a Beata Elisabete da Santíssima Trindade, no próximo dia 16 de Outubro.[1]

Elisabete Catez Rolland, filha de Francisco José e de Maria, nasceu perto de Bourges, na França, num acampamento militar do campo de Avor, na manhã do domingo 18 de julho de 1880, tendo sido batizada quatro dias depois, no dia 22 de julho, na capela do mesmo acampamento.

No dia 2 de janeiro de 1901, aos 21 anos, ingressou no Carmelo Descalço de Dijon, cidade onde vivia com sua família. Recebeu o hábito no dia 8 de dezembro de 1902 e no dia 11 de janeiro de 1903 emitiu seus votos religiosos na Ordem do Carmelo, que já amava com toda sua alma.

Em meados de 1905, Elisabeth começou a sentir os primeiros sintomas de uma doença, à época, incurável: o mal de Addison. Sabendo-se a caminho da morte, aumentou nela o desejo de fazer o bem às almas, unindo-as à Trindade Santa. Multiplicaram-se, então, os seus escritos, principalmente de despedida e as cartas de conselhos espirituais. A priora da época, Madre Germana de Jesus, atestou que “é impossível dizer o que sofreu, então, esta inocente filha, pouco antes imersa numa paz que parecia inalterável”.

“Não basta deter-nos diante da cruz e contemplá-la, mas precisamos recolher-nos na luz da fé, elevar-nos mais alto e pensar que ela constitui o instrumento do amor divino”, nos dizia a Beata. Em fins de outubro de 1906, a doença agravou-se irremediavelmente. Ela sabia que era chegada a hora tão almejada de viver com “seus Três”, e, nos últimos suspiros de agonia, repetia com voz encantadora estas palavras: “Vou à luz, à vida, ao amor…”.

Com sua vida e doutrina breve, Elisabete da Santíssima Trindade exerce, contudo, sólida influência na espiritualidade atual, especialmente por sua experiência trinitária. A oferta de seus sofrimentos e os ensinamentos acerca da cruz são exemplos de resignação e amor à Paixão de Nosso Senhor. Foi beatificada pelo papa João Paulo II, no dia 25 de novembro de 1984, festa de Cristo Rei, e sua memória é celebrada no dia 8 de novembro.

[1] http://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-canonizara-5-beatos-no-proximo-16-de-outubro-em-roma-21755/