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Especial Semana Santa 05 – Sou Vosso Pastor, Segundo o Coração de Deus

Eu, humilde sacerdote da vinha do Senhor, quero hoje apresentar-vos a grandiosidade deste ministério, que permite a continuação da obra salvífica pelos séculos e vos aproxima de Deus.

Um dia, fui ungido pelas mãos do Bispo, sucessor dos apóstolos. Esta unção realizada com o santo Crisma é chamada – indelével – pois nunca mais será retirada; serei sacerdote aqui, e na eternidade.[1] Prometi fidelidade à Santa Igreja, e a ela devo dispensar todas as minhas forças, para que possas cumprir fielmente o mandato de Nosso Senhor. Ao ser ordenado, reforcei, definitivamente, o meu desejo de guardar a castidade pois é necessário que eu renuncie “tudo quanto é do mundo”, para cuidar somente daquilo “que é de Deus”. [2]

Sou colaborador direto de Nosso Senhor, que me capacitou para ser mensageiro de Sua Palavra entre vós, responsável por vos tirar das trevas da ignorância do pecado.[3] Mas não sou eu quem vos fala: “deves considerar o padre quando está no altar e no púlpito como se fosse o próprio Deus”.[4] Nem meus sentidos me pertencem mais.

Eu não sou para mim. Não me dou a absolvição. Não administro para mim mesmo os sacramentos. Eu não sou para mim, mas para vós. Se tiverdes fé, veríeis Deus oculto em mim, sacerdote, como a luz por trás da vidraça, como o vinho misturado na água, pois Deus habita em mim para que possa chegar a vós.

Se vós hoje podeis receber o perdão dos pecados, e terdes a certeza da salvação, é por minha causa, que deixo o próprio Cristo habitar e agir por minha consciência. Se podes ter a assistência necessária nos momentos finais de sua vida, é porque chamam a mim, como ordenou o apóstolo.[5]

Mas, dos meus deveres como sacerdote, quero falar-vos do maior: celebrar a Eucaristia. Primeiramente, não sou eu quem celebro, mas o próprio Cristo, pois mais uma vez, ele age em mim: é o que chamamos de ‘in persona Christi”. Ocultar-me e desaparecer é comigo mesmo, para que somente Jesus brilhe”.[6]

Visto-me dignamente, não porque as atenções devem ser dadas a mim, mas porque Deus se faz presente em mim e se fará presente na Eucaristia; “Vejam o padre: vestido como um rei, mas humilde como um camponês”.[7]

Eu empresto a minha voz ao Senhor, de modo inefável ao pronunciar as palavras da consagração, que permitem que a força de Deus Pai, Filho e Espírito Santo realize o prodígio da transubstanciação.[8] Deus me obedece: ‘’digo duas palavras e Nosso Senhor desce do céu”.[9] “Só no céu compreenderemos a felicidade de poder celebrar a Missa”.[10]

Por isso meus filhos, vos peço, rezem por mim, vosso sacerdote; rezem também pelos sacerdotes do mundo inteiro; rezem por aqueles que desejam ser sacerdote. Pois todas as graças que descem do céu passam por nós. Imaginem o mundo sem a Santa Missa? O mundo pode existir sem o sol, mas nunca sem o Sacrifício da Missa.[11] Nós temos tanta necessidade de permanecer fiéis, para sermos homens que vigiam sobre o rebanho e também sobre nós mesmos, para que nosso coração esteja sempre dirigido para o seu rebanho. E também para que o Senhor nos defenda das tentações, porque se nós formos pelos caminhos das riquezas, se formos pelo caminho da vaidade, convertemo-nos em lobos e não em pastores. Rezem por isto.[12]

[1] Cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1582

[2] Cf. Exortação Apostólica, Menti Nostrae, nº 20

[3] Idem, nº 4

[4] Cf. São João Maria Vianney, Homilias

[5] Cf. Carta de São Tiago 5,14

[6] Cf. (São Josemaria, Carta com motivo das bodas de ouro sacerdotais, 28-I-1975).

[7] Cf. São João Maria Vianney, Homilias

[8] Cf. Os Ensinamentos de São Josemaria Escriva sobre o sacerdócio, por Dom Javier Echevarria

[9] Cf. São João Maria Vianney, Homilias

[10] Idem.

[11] Cf. São Padre Pio

[12] Cf. Papa Francisco. Homilia em Missa presidida na Casa Santa Marta, no dia 15.05.13

Especial Semana Santa 04 – Tríduo Pascal: Paixão, Morte e Ressurreição: O Mistério de Nossa Redenção!

Estamos às vésperas de celebrarmos os mistérios mais profundos de toda a nossa existência cristã: a morte e ressurreição de Jesus Cristo, centro de todo o ano litúrgico, para qual nos preparamos nestes últimos 40 dias através do jejum, da penitência, da oração e do sacramento da confissão. O Tríduo Pascal corresponde, mais precisamente, a três celebrações: A Missa da Ceia do Senhor (quinta-feira), a Celebração da Paixão (sexta-feira) e a solene Vigília Pascal (sábado). [1]

A Quinta-Feira Santa é o dia por excelência do sacerdócio, pois foi neste dia que Cristo celebrou a primeira Missa e instituiu a Eucaristia, ordenando aos apóstolos que perpetuassem este augusto mistério sobre os nossos altares. [2]

Na manhã da quinta, ainda não tendo se iniciado o tríduo, nas dioceses de todo o mundo, o bispo, cercado por seu presbitério, celebra a Missa do Crisma em sua igreja catedral, abençoando os Santos Óleos. Estes são três: o óleo dos Catecúmenos (para o batismo), o óleo dos Enfermos (extrema-unção) e o Santo Crisma (para diversas unções, como na Confirmação e Ordenação), confeccionado com bálsamo o que gera o odor agradável próprio deste óleo.[3] Os presbíteros renovam, nesta Missa, as suas promessas sacerdotais, bem como seus votos de obediência ao bispo. [4]

Ao entardecer da quinta, celebra-se, nas principais igrejas, a Santa Missa In Coena Domine (da Ceia do Senhor) com o rito do lava-pés, e são proibidas qualquer missa sem a presença do povo.[5] O Glória é cantado ao som do sino, que silenciará até a noite do sábado. As leituras desta noite nos recordam o povo hebreu que recebia o Maná, o pão vindo do céu, mas que perecia; em contrapartida, nos mostra o verdadeiro Pão Vivo que não perece.

O Lava-pés, gesto que Jesus realizou na última noite, é repetido pelo sacerdote que lava os pés de 12 pessoas da assembleia; esta memória quer trazer a mensagem da purificação necessária para a participação no mistério da redenção.  Durante a Oração Eucarística desse dia (recomenda-se a I), chama-nos atenção uma das frases apresentadas do texto: ‘’… na noite em que ia ser entregue, isto é, hoje…;[6] estas palavras nos recordam o caráter sempre atual da liturgia e que os mistérios do Sacro Tríduo são celebrados como se fosse a primeira vez. Após a celebração, os altares são desnudados e o Santíssimo Sacramento transladado para um altar à parte, onde é adorado sem solenidade; a Comunhão Eucarística só pode ser administrada, à partir deste momento, fora da missa aos doentes ou como Viático. [7]

Na Sexta-Feira Santa, o dia mais triste do ano, Jesus Cristo, cumprindo a vontade do Pai, entrega-se livremente à morte. A Igreja veste o luto pela morte do seu Senhor, que se traduz pelo silêncio gritante deste dia. Os altares estão sem toalha, bem como todo o resto do presbitério; também sem flores, as imagens cobertas; não se tocam os instrumentos.

Por volta das três horas da tarde, o momento derradeiro, inicia-se a Celebração da Paixão do Senhor.[8] O sacerdote entra em silêncio e se prostra aos pés do altar em sinal de penitência e oração e, imediatamente após, tem início a liturgia da palavra. As leituras nos apresentam o Servo Sofredor do profeta Isaías, imagem perfeita de Jesus e a narrativa da Paixão pelas palavras de São João; neste dia, não se proclama o Evangelho, apenas a leitura sem solenidade, por isso não nos persignamos como de costume. A Oração Universal, um conjunto de súplicas por várias necessidades da Igreja, é rezada neste dia, em que também se realiza a coleta em ajuda aos lugares sagrados.

O momento mais importante desta celebração é a Adoração da Cruz, que é desvelada completamente após o sacerdote entoar três vezes – “Eis o lenho da Cruz, no qual pendeu a salvação do mundo. Vinde adoremos!’’. Lucra indulgência plenária o fiel que piedosamente beijar o crucificado em sinal de adoração, além dos requisitos ordinários.[9] A Comunhão distribuída ao final da celebração se dá com as partículas consagradas na missa do dia anterior.[10] Não se administram os sacramentos, exceto os da Penitência e da Unção dos Enfermos.[11]

O Sábado Santo é dia em que fazemos memória da descida de Nosso Senhor aos infernos.[12] É um dia de silêncio e de continuação do jejum começado na sexta. A comunhão só pode ser distribuída como Viático, nem mesmo aos doentes; quanto aos sacramentos, continua a mesma disciplina do dia anterior. [13]

A noite do sábado é ápice de toda a vida da Igreja. Nela se celebra a Solene Vigília Pascal, a verdadeira missa de Páscoa, e do qual deriva todo o ano litúrgico, todos os sacramentos, toda nossa Fé. Segundo antiquíssima tradição, esta Vigília é a mãe de todas as Missas,[14] e nunca pode ser celebrada antes do pôr-do-sol do sábado, e deve terminar antes da aurora do domingo. [15]

A Vigília se divide em 4 momentos, a saber:

  • Liturgia da Luz, onde o fogo novo é abençoado pelo sacerdote, que também prepara o Círio Pascal, representando o Ressuscitado; é cantando o Exultet, o precônio pascal, que anuncia a Páscoa.
  • A Liturgia da Palavra, em que acompanhamos toda a história da humanidade desde a criação, passando pela queda do homem e a libertação do povo hebreu do Egito, até as profecias que apresentavam o Cristo que viria nos libertar; é neste momento que é cantado, solenemente, o Glória, que anuncia a ressurreição.
  • A Liturgia Batismal, onde a nova água é abençoada e os novos filhos da Igreja são a ela incorporados; este é o dia por excelência do sacramento do Batismo, e tradicionalmente se administram os três sacramentos da iniciação cristã aos catecúmenos: o batismo e em seguida a confirmação, e por último a eucaristia.[16]
  • A Liturgia Eucarística, que volta a ser celebrada.[17] Na Vigília, temos novamente entoado o Aleluia, os santos são descobertos, e retorna o caráter solene festivo, que durará os 50 dias seguintes, até a Solenidade de Pentecostes.

[1] Cf.. S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria, 16.11.1955, AAS 47 (1955) 858; Sto. Agostinho, Ep. 55, 24: PL 35, 215.

[2] Cf. Lc 22, 19-20.

[3] Cf. Paschalis Sollemnitatis. 35-36

[4] Cf. Conc. VAT. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 7.36

[5] Cf. Missal Romano, Missa vespertina um Cena Domini

[6] Cf. Missal Romano, Orações Eucarísticas I e II

[7] Cf. Paschalis Sollemnitatis. 44-51.55

[8]  Cf. ibid., n. 3; s. Congr. dos Ritos, “Ordinationes et Declarationes circa Ordinem hebdomadae sanctae instauratum”, 1.2.1957, n. 15, AAS 49 (1957) 94.

[9] Cf. Paschalis Sollemnitatis. 64-71

[10] Cf. Missal Romano, Sexta-feira Santa, n. 13.

[11]  Cf.  Missal Romano, Sexta-feira Santa, n. 1; Congr. para o Culto Divino, “Declaratio ad Missale Romanum”, em Notitiae 13 (1977) 602.

[12] Cf. Missal Romano, Sábado Santo; cf. Símbolo dos Apóstolos; 1Pd 3, 19.

[13] Cf. Paschalis Sollemnitatis. 75

[14] Cf.  Sto. Agostinho, Sermo 219, PL 38, 1088.

[15] Cf. Caeremoniale Episcoporum. n. 332; Missal Romano, Vigilia pascal, n. 3.

[16] Cf. Caeremoniale Episcoporum. n. 332.

[17] Cf. Paschalis Sollemnitatis. 81-92

Especial Semana Santa 03 – Indulgências no Tríduo Pascal

Já falamos aqui em nossa página sobre as Indulgências, que consistem na remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada. Nestes dias solenes, do Sacro Tríduo, a Igreja oferece inúmeras oportunidades de se lucrarem indulgências parciais e plenárias.

Concede-se indulgência ao fiel, de acordo com as normas do Enchiridion Indulgentiarum, que:

  • Na Quinta-Feira Santa, recitar o canto do Tantum Ergo – Tão Sublime Sacramento, depois da Missa da Ceia do Senhor. Plenária.
  • Na Sexta-Feira da Paixão e Morte do Senhor, toma parte piedosamente na adoração da Cruz da solene ação litúrgica. Plenária.
  • No Sábado Santo, renovar as promessas do batismo em qualquer fórmula de uso, na celebração da Vigília Pascal. Plenária.
  • Do Domingo de Páscoa até Pentecostes, ao fiel que piedosamente recitar o Regina Caeli – Rainha do Céu. Parcial.
  • Ao fiel que fizer o exercício da via-sacra, piedosamente. Plenária.

Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice.

A condição de rezar nas intenções do Sumo Pontífice se cumpre ao se recitar nessas intenções um Pai-nosso e uma Ave-Maria, mas podem os fiéis acrescentar outras orações conforme sua piedade e devoção.