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Especial Novíssimos 03 – A Grande Purificação que nos leva definitivamente a Deus!

Um dia após celebrarmos a Igreja Triunfante, dedicamos um dia para oferecermos com maior afinco preces e súplicas pela Igreja Padecente. São muitos os que já partiram deste mundo para a Eternidade e pela nossa Fé cremos que, as nossas orações são um seguro refrigério para aqueles que em vida souberam amar a Cristo e aos seus irmãos. No fim da vida seremos julgados pelo amor, dizia São João da Cruz[1]. Quão lentos somos nós, os militantes, até agora não compreendemos o peso dos nossos pecados e não amamos a Deus totalmente. A nossa vida clama a justiça de Deus, mas Ele continua a agir com Misericórdia.

A doutrina da Igreja Católica é bem clara: aqueles que morrem distantes de Deus e de sua graça receberão por paga a manifestação da Justiça de Deus, ou seja, a condenação eterna.[2] Aos que se esforçaram, foram justos e morreram na graça de Deus, a estes será concedida a salvação eterna.[3] É claro que só Deus conhece os corações daqueles que Ele mesmo criou. Ao nos criar, Deus nos concedeu uma alma imortal: alma esta, feita para que um dia pudesse experimentar eternamente da benevolência de Deus, A eternidade feliz! Más nem todos buscam salvar-se. Hoje, a Comemoração dos Fiéis Defuntos, direciona-se a sufragar as almas que aguardam a plena visão de Deus, aqueles que por alguma negligência não reparada na vida terrena tiveram de purificar-se por um tempo determinado por Deus no Purgatório.

É esta a nossa Fé: As almas que morrem unidas ao Senhor, mas que não o amaram com todas as suas forças aqui na terra irão para o Purgatório para purificar-se e de lá sairão por meio das preces e súplicas da Igreja Militante, que somos nós.[4] A participação no Céu está garantida para as almas que lá padecem. As almas do purgatório possuem a plena certeza de verem a Deus face a face e eternamente com ele estar. As missas, orações, penitências, e tudo aquilo que a Igreja Militante oferece pela Igreja Padecente são refrigérios para as suas almas, e apressam a salvação de Deus para elas. Vale ressaltar que, as almas que sufragarmos do purgatório se tornam intercessoras nossas no céu, pois elas terão acesso direto a Deus.

O purgatório é o alvo desta comemoração, lá é um lugar temporal para pagar as penas não expiadas nesta terra. Ao longo da nossa vida cambaleamos entre a ordem e a desordem. Com nossos pecados afetamos a ordem perfeita sonhada por Deus. É claro que aqueles que buscam de coração sincero os caminhos de penitência, atraem já nesta vida para si a Misericórdia de Cristo.

 A Misericórdia de Deus para as almas padecentes chega a elas através das indulgências, um tesouro gratuito da nossa Igreja. As indulgências são a própria Misericórdia de Deus diante das consequências do pecado.  Nesta semana, aqueles que participam da missa, adoram o Senhor, visitam um cemitério, meditam a palavra, rezam pelo Papa, podem lucrar de uma indulgência plenária a ser oferecida por uma alma; se ela precisar apenas daquela indulgência irá imediatamente para o céu, ou então diminuirá os seus dias no Purgatório, aproximando-se assim cada vez mais da plena visão de Deus.[5]

O purgatório é um lugar de purificação garantido por Deus e provado nas escrituras[6]. No purgatório as almas se reeducam a amarem a Deus com todas as suas forças, a libertarem-se do egoísmo e do orgulho não quebrado em vida e consequentemente amar a Deus plenamente. Este dia é um dia de graça, é um dia em que a terra entra em comunhão com Deus em uma única meta: salvar as almas!

Quão louvável seria se na vida amassemos a Deus totalmente, fugíssemos do pecado como se foge do fogo. O céu é dom de Deus, nós o negamos livremente. O pecado é algo passageiro, a graça de Deus não passa. É preciso cuidar melhor das nossas almas, que são moradas de Deus, um castelo diz Santa Teresa, onde Deus escolheu para fazer morada.[7] Não a sujemos com o pecado, e se sentimos que ela está suja, cuidemos de limpá-la com Sacramento da Penitência. Tenhamos sempre em mente: Se Deus me chamasse hoje, estaria eu preparado? Se Jesus voltasse hoje, eu estaria preparado?

Nesta vida sofremos, somos tentados, caímos. As almas do purgatório não sofrem mais isto pois o demônio lá não tem autoridade; lá é plena certeza do céu. A Liturgia deste dia nos convida a uma maior vigilância, uma fuga dos pecados, até mesmo os irrelevantes. É preciso viver no mundo sem ser mundanos, já dizia um autor. Dediquemos este dia de Finados como o dia do amor em que nós amamos com as orações e sacrifícios as almas do purgatório, nossas irmãs. É claro que Deus nos quer no céu, mas é preciso um esforço contínuo. Nossa meta é o céu, é estar com todos os santos como celebrávamos ontem. Sonhemos com o céu e tragamos o céu até nós.[8]

Que as almas dos fiéis defuntos, pela Misericórdia de Deus descansem em paz!

[1] Cf. São João da Cruz, Avisos y sentencias, 57.

[2] Cf. Catecismo da Igreja Católica (CIC), nº 1033.

[3] Cf. idem, nº. 1023.

[4] Cf. idem, nº 1030.

[5] Cf. Baú da Fé 26 – Indulgências para a comemoração dos fieis defuntos, publicado em nossa página no dia 01.11.2016.

[6] Cf. 2 Mc 12, 39-45.

[7] Cf. Santa Tereza, Castelo Interior ou Moradas.

[8] Texto de autoria de Thomas Éric da C. Carvalho, seminarista do 1ª ano de Teologia da Diocese de Salgueiro – PE.

Curtinhas da Fé 04 – Uma morte santa

O Catecismo nos ensina que a Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte (“livrai-nos, Senhor, de uma morte súbita e imprevista”: antiga ladainha de todos os santos), a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós “na hora de nossa morte” (oração da Ave-Maria) e a entregar-nos a S. José, padroeiro da boa morte.

Ao lado de nossos irmãos que padecem a agonia afinal, devemos manter nosso coração voltados à confiança em Deus e a viver uma piedade consoladora para o agonizante. Por isso, a Igreja nos ensina e nos transmite ao longo do tempo piedosos costumes para a hora derradeira.

  • No momento em que o fiel católico estiver próximo de passar deste mundo para a eternidade, os que lhe assistem devem chamar imediatamente o sacerdote para conferir-lhe os últimos sacramentos: a Confissão, a Unção dos Enfermos e, se possível, o Viático.
  • Os que assistem o agonizante devem recitar muitos atos de fé, esperança e caridade. Devem rezar também salmos penitenciais e atos de contrições pelos pecados da pessoa que está a morrer.
  • O que está à beira da morte deve repetir inúmeras vezes os Santíssimos nomes de Jesus, Maria e José.
  • É salutar que se dirijam bons pensamentos ao fiel padecente. Se recitem jaculatórias; que se aspirja água benta e se dê o crucifixo para ser beijado pelo agonizante. Seja recitada a Salve Rainha, terços marianos e ladainhas à Nossa Senhora.
  • É de grande piedade a invocação da Santíssima Virgem, a Senhora da Boa Morte. É de grande graça, também, a invocação do Glorioso São José, a quem devemos suplicar a graça de que o agonizante padeça como Ele: nos braços de Jesus e Maria e seja levado ao Paraíso.
  • Após o último suspiro, rezem o mais rápido possível orações e súplicas que encomendem a alma do fiel falecido ao Bom Deus a fim de que ela seja levada junto à Ele no Paraíso pelos seus santos anjos.
  • Após o sepultamento, nos dias que se seguem, sejam oferecidas missas em sufrágio da alma do católico falecido, bem como, de todas as almas dos fiéis que padecem no purgatório. É recomendável o antigo costume de se recordar o aniversário de falecimento (7º e 30º dias e 1 ano) com orações e a celebração da Santa Eucaristia nesta intenção.

É dever, portanto, de todos os católicos assistirem seus irmãos no momento da agonia final. Ao longo de nossa vida devemos sempre pedir a Deus a graça de uma Santa Morte, para que nos momentos finais sejamos agraciados com os últimos sacramentos e possamos morrer nos braços de Jesus, Maria e José.

São José, que morrestes nos braços de Jesus e Maria, meu amável protetor, socorrei-me em todas as necessidades e perigos da vida, mas principalmente na hora suprema, vindo suavizar minhas dores, enxugar minhas lágrimas, fechar suavemente meus olhos, enquanto pronunciar os dulcíssimos nomes: Jesus, Maria, José, salvai a minha alma. Amém.

Baú da Fé 26 – Indulgências para os próximos dias

São concedidas, pela Igreja, indulgências plenárias[1] aos fiéis católicos que:

  • Recitarem, publicamente, o hino Te Deum (A vós, ó Deus) no último dia do ano (31/12);
  • Recitarem devotadamente e publicamente o hino Veni Creator Spiritus (Ó vinde, Espírito Criador) no dia 01º de janeiro;

Também, normalmente, é concedida indulgência parcial ao fiel que renovar as promessas do batismo em qualquer fórmula de uso, tornando-se esta indulgência plenária se o fizer na celebração da Vigília Pascal ou no aniversário do seu próprio batismo. Como na celebração do Batismo do Senhor haverá renovação das promessas batismais, avisamos, também, que é oportunidade para lucrar indulgência parcial.

Recordamos que, para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado, até mesmo venial, é necessária a execução das obras enriquecidas das indulgências acima descritas, além do cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice.

É importante salientar que com uma só confissão podem ganhar-se várias indulgências, mas com uma só comunhão e uma só oração alcança-se uma só indulgência plenária.

Uma particularidade das indulgências acima indicadas é que só podem ser lucrada para os fieis defuntos, ou seja, não podemos lucrar estas indulgências para nós mesmos. Desta forma, a Igreja nos ensina a exercermos de maneira excelente a caridade e, elevando nosso pensamento para as realidades celestes, tratar as coisas terrestres do modo mais correto.

Quer saber mais sobre a doutrina das indulgências? O que são? Quais seus efeitos? Clique aqui e saiba mais.

[1] Manual das Indulgências

Baú da Fé 17 – Corpo Místico de Cristo: a grande Comunhão dos Santos que é a Igreja!

Nada mais justo que honrar as almas que já contemplam a visão beatífica de Deus. O primeiro dia do mês de novembro é dedicado à comemoração de Todos os Santos (No Brasil, celebrada no primeiro domingo seguinte1), fazendo memória não só daqueles que já estão na glória dos altares – canonizados – mas também de todos os filhos de Deus que nesta vida viveram a santidade e mereceram alcançar a glória eterna. Dia de preceito e solene, este é o dia de recordarmos que não é impossível vivermos como imitadores de Nosso Senhor, e que não estamos sós, mas unidos numa grande comunhão fundada na perfeita caridade.

A origem da festa de hoje remonta ao início do Cristianismo, na Igreja de Antioquia do século IV, quando se honravam os mártires, homens e mulheres que derramaram seu sangue por Cristo, sempre no primeiro domingo depois de Pentecostes. Introduzida em Roma no século VI, passou a ser celebrada posteriormente no dia 13 de maio; neste dia comemorava-se a consagração do Panteon (antigo templo romano dedicado aos deuses pagãos) à Virgem Santíssima, acrescida agora de todos os outros santos. A data atual foi instituída pelo Papa Bonifácio IV, no ano de 835.2

Hoje é o dia da Comunhão dos Santos, que tanto repetimos ao rezar o Credo; esta verdade de fé vem após o “Creio na Santa Igreja Católica”, existindo uma boa razão para esta sequência, porque uma é extensão da outra. Todos os que estão no céu, canonizados ou não, isto é, os conhecidos e os desconhecidos, naturalmente participam da vida de Deus ainda mais diretamente do que nós. Assim, quando falamos da comunhão dos santos, não nos referimos simplesmente a ligação (comunhão) de um cristão com outro na terra, mas de nossa união com antigos membros da Igreja na terra e que agora estão no céu.

O Corpo Místico de Nosso Senhor – a Igreja – é formado por todos os fiéis que amam verdadeiramente a Cristo e seguem o seu Evangelho em todas as suas consequências e formas. Assim sendo, fazem parte deste Corpo não somente aqueles que estão vivos, mas também aqueles que já morreram, ou melhor, nasceram para a vida eterna. Nós, que ainda estamos desterrados da Pátria Celeste, formamos a Igreja Militante; os que já garantiram a salvação eterna, mas ainda estão a purificar-se de seus pecados, formam a Igreja Padecente, ou seja, os fiéis que se encontram nas fileiras do Purgatório; por fim, na Jerusalém Celeste, ao lado da Virgem Maria, estão todos aqueles que compreenderam verdadeiramente o amor sem dimensão do Redentor e encontraram no coração da Igreja a sua verdadeira vocação que é a caridade: a Igreja Triunfante!

Existe uma estreita ligação entre os membros da Igreja Militante e a maneira como as boas ações de um beneficiam todo o resto. São Paulo escreveu muito claramente sobre a importância do oferecimento de orações em benefício uns dos outros. Também é desta maneira que estamos em comunhão com a Igreja Triunfante. Os grandes méritos que os santos obtiveram, muito além das necessidades da sua própria salvação, fazem parte do tesouro da Igreja que pode ser aplicado em favor dos que ainda estão em luta, aqui na terra. Se, como diz São Paulo, nós na terra podemos orar em benefício uns dos outros, com tal efeito, é evidente que os santos no céu, muito mais próximos de Deus do que nós, podem orar e interceder por nós com poder ainda maior.

Hoje é o dia do grande louvor que emana da terra e do céu. Do Céu, os rogos de tantos santos que, estando perto de Deus, também desejam que logo lá estejamos. Santa Teresinha, por exemplo, afirmava que passaria o seu Céu fazendo o bem a terra; São Domingo de Gusmão além, dizia ele: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. Da terra, os nossos louvores e orações por tantos homens e mulheres que desconhecemos, mas mereceram a palma da vitória junto à Deus. Amanhã, elevaremos os nossos suplícios por nossos irmãos que ainda não chegaram ao Céu, e sentem as dores do Purgatório. Jejuns e orações; ofícios e missas; ardentes súplicas. (Publicaremos amanhã em nossa página uma formação sobre a Comemoração dos Fiéis Defuntos)

Bento XVI nos recorda que “na festa de hoje pregustamos a beleza desta vida de total abertura ao olhar de amor de Deus e dos irmãos, na que estamos seguros de alcançar Deus no outro e o outro em Deus’’ e que ela ‘’faz-nos refletir sobre o duplo horizonte da humanidade, que expressamos simbolicamente com as palavras ‘terra’ e ‘céu’: a terra representa o caminho histórico, o céu a eternidade, a plenitude da vida em Deus”.3

1 Cf. Diretório Litúrgico da CNBB e Missal Romano.

2 Cf. Professor Felipe Aquino: A celebração da festa de Todos os Santos – segunda-feira, 1 de novembro de 2010

3 Cf. Homilia na Solenidade de Todos os Santos. Vaticano, 01 Novembro de 2012.

Buscando a Verdade 01 – Por Que Celebramos a Missa de 7º Dia?

Ensina-nos a Igreja o dever de rezarmos pelas almas dos fieis defuntos que padecem no Purgatório, uma vez que elas não podem mais elevar a Deus suas preces.[1] As orações possuem a finalidade de apagar mais rapidamente as penas do pecado; vale recordar que a culpa do pecado é apagada em vida pelo sacramento da confissão, mas as penas temporais permanecem e, no Purgatório, são expiadas.

Encontramos inúmeras passagens no Antigo Testamento que nos apresentam um período de observância do luto, no qual os familiares elevavam a Deus preces e súplicas pela alma do falecido. No 2º livro dos Macabeus, nos é apresentado este ensinamento: “Santo e salutar pensamento este de orar pelos mortos. Eis porque ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres dos seus pecados”[2] e no Gênesis foi feito ”um funeral grandioso e solene e José guardou por seu pai um luto por sete dias”.[3]

Os 7 dias são associados aos dias da criação do mundo, em que Deus, ao 7ª dia, descansou de todo trabalho feito por suas mãos. A contagem do tempo seja o 7º ou 30º dia, ou a lembrança anual do falecimento, apesar dum significado espiritual, é, na pratica, um ritmo do nosso calendário humano em que o centralizamos no Mistério Eucarístico.

O Catecismo da Igreja Católica, considera a Eucaristia “o coração da realidade pascal da morte cristã”. E, repetindo as palavras do ritual de exéquias, diz: “Na Eucaristia, a Igreja expressa sua comunhão eficaz com o finado. Oferecendo ao Pai, no Espírito Santo, o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, ela pede para que o fiel falecido seja purificado de seus pecados e de suas consequências e seja admitido à plenitude pascal do Banquete do Reino”.[4]

 

[1] Cf. Catecismo da Igreja Católica. nº 1479

[2] Cf. II Macab. 12, 41-46

[3] Cf. Gn, 50, 10

[4] Cf. Catecismo da Igreja Católica. nº 1689