Pai adotivo de Nosso Senhor, Esposo Casto da Virgem Maria e Protetor da Sagrada Família. Estas são apenas algumas denominações utilizadas para descrever o Glorioso São José, que é também o Padroeiro Universal da Igreja Católica.
Não à toa, em 1889, o Papa Leão XIII escreveu a Encíclica Quamquam Pluries, propondo São José como modelo para as famílias cristãs, modelo de esposo e de pai. Por isso, confira nesse texto qual o papel desempenhado por São José e qual o motivo de ser tão venerado pela Igreja Católica.
Segundo o Evangelho de São Mateus, José é descrito como homem “justo”, que na cultura judaica significava tratar-se de um homem que é exemplo para os demais, que os educa com a sua vida e testemunho.
No hebraico, a palavra “justo” é designado por tsadiq:
No pensamento hebraico, o tsadiq é aquele que reconhece o fundamento absoluto da Lei e seu valor moral. […] Mas, quando educa, cria o povo pela abrangência de sua presença, pela integridade de sua caminhada, esse homem passa a ser um tsadiq, um fiel com disposição e potência de realizar e esclarecer o povo sobre a justiça e a fidelidade do amor de Deus.
Diante da gravidez pré-matrimonial de Maria, que lhe havia sido prometida em casamento, José prefere abandoná-la em vez de denunciá-la, uma vez que se tratava de uma jovem que havia engravidado antes do casamento, tendo ele colocado sua reputação de homem justo em jogo para proteger a jovem Maria, mesmo antes da comunicação do Anjo em sonho, mostrando toda a nobreza de seu coração.
Frisa-se que antes da comunicação do Anjo a São José, ele não tinha conhecimento de que aquela criança que Nossa Senhora carregava em seu ventre eram o Verbo Encarnado e o Filho de Deus, o que aumenta ainda mais a nobreza de seu gesto, por fazê-lo de livre vontade, sem interesse nenhum.
Por esta razão, além de ser considerado justo perante os homens, o Glorioso São José também se mostrou justo perante Deus Pai, que lhe deu a mão de Nossa Senhora para que pudesse tomá-la como esposa, confiando-lhe a árdua função de desempenhar o papel de pai adotivo de Nosso Senhor e Esposo da Virgem Maria.
São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes o Grande, e ensinou-lhe o caminho do trabalho. O Senhor não se envergonhou de ser chamado “filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré Ele trabalhou até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.
Ora, é impossível que Deus Pai, por ser onisciente, confiasse a guarda da Virgem Maria e a função de proteger Seu Filho a um homem que não fosse honrado e justo. Se Ele A honrou, também honrou ao Glorioso São José, por entregar-lhe Nossa Senhora.
Não obstante, além de ser considerado justo perante os homens e perante Deus, o Glorioso São José também nos mostra a importância da obediência e humildade para com os desígnios do Pai, demonstrada de maneira expressa no texto bíblico, através do Evangelho de São Mateus, ao passo que, mesmo com a gravidez pré-nupcial da jovem Maria, tendo o Anjo determinado que São José recebesse aquela jovem como esposa, “pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo”, ele assim o fez.
No icônico livro Palestras Íntimas, São Francisco Sales ressalta a figura do São José como o servo que se entrega inteiramente na Divina Providência:
Convém passar agora à terceira consideração, que é uma observação que fiz sobre a ordem que o Anjo deu a São José; que tomasse o Menino e a Mãe e fosse para o Egito e lá ficasse até que o avisasse que podia voltar. Na verdade o Anjo foi bem lacônico e tratou São José como bom religioso: “Vai, e não voltes sem que eu o diga”. Por esta maneira de proceder entre o Anjo e São José, ensina-se-nos, em terceiro lugar, como nós devemos embarcar no mar da Divina Providência, sem víveres, sem remos, sem velas, enfim sem provisões de espécie alguma […]
Não teria o pobre São José tido razão para replicar? – Dizeis-me que parta; mas há de ser já? – Imediatamente; para nos mostrar a prontidão que o Espírito Santo requer de nós, quando nos diz: Surge, levanta-te, saindo de ti mesmo e de tal imperfeição. Ai! Como o Espírito Santo detesta demoras e dilações!
Além das considerações acima, Deus designou-lhe para que desse à criança o nome de Jesus, fazendo-O descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas, conforme lhe havia dito o Anjo: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”.
Para além do exposto, o Padroeiro Universal da Igreja também é conhecido como o “santo do silêncio” porque não é conhecido por palavras pronunciadas por ele, mas sim por suas obras, sua fé e seu amor por Jesus e seu santo matrimônio, vivendo de maneira como havia ensinado São João Batista: “É preciso que Ele [Jesus] cresça e eu diminua” (Jo 3,30).
Na homilia de 19 de março de 2014, dia dedicado ao Glorioso São José, o Papa Francisco exaltou a figura deste grande Santo, tendo definindo sua principal característica como a de ser custódio, segundo o Sumo Pontífice, merecendo todo o reconhecimento e devoção.
Em uma de suas obras, Santa Teresa D’Ávila, doutora da Igreja, dá testemunho de sua devoção a São José, recordando uma enfermidade que a atingiu enquanto era jovem:
Quando vi o estado a que me tinham reduzido os médicos da terra e estando tão enferma em tão jovem idade, decidi recorrer aos médicos do céu e pedir-lhes a saúde […]
Tomei então por meu advogado e patrono o glorioso São José e a ele me confiei com fervor. […] Não me lembro de ter jamais lhe rogado uma graça sem a ter imediatamente obtido. E é coisa que maravilha recordar os grandes favores que o Senhor me fez e os perigos de alma e corpo de que me livrou por intercessão deste santo bendito.
Diante disso, clamemos pela intercessão de São José como protetor de nossa família, de nossa vida, de nossa alma; peçamos que ele interceda por nós e nos guarde, como fez com Nossa Senhora e com Jesus, reconhecendo sua grandeza perante o Pai, e tomando-o como exemplo a ser seguido em nossa caminhada cristã. São José, Padroeiro Universal da Igreja, rogai por nós.
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. Decreto Quemadmodum Deus, de 8 de dezembro de 1870. Acta Pii IX, t. 5, Roma 1873.