Baú da Fé 65 – O Que é a Fé Cristã?

Fidem. Termo do latim que significa “fé”, que é conceituada como “uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião.”[1]

Para a religião cristã, a fé consiste na crença na Palavra de Deus, difundida pela Bíblia Sagrada, bem como em todos os ensinamentos pregados por Jesus Cristo, Filho de Deus.

Na Bíblia, há uma passagem que afirma que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. (Hebreus 11:1)

Sob esse prisma, pode-se concluir que a fé judaico-cristã é fundada a partir da figura de Jesus Cristo, crendo que Ele é o Filho do Pai, tal qual o Anjo informou a São José: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21), tendo Ele sido enviado para a remissão dos nossos pecados.

Por esta razão, o Papa Francisco elaborou a Carta Encíclica Lumem Fidei[2] (Luz da Fé), na qual assentou que “a luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus”, tal qual encontra-se previsto no Evangelho de João: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas. (Jo 12, 46) ”

E São Paulo exprime-se nestes termos: « Porque o Deus que disse: “das trevas brilhe a luz”, foi quem brilhou nos nossos corações » (2 Cor 4, 6). No mundo pagão, com fome de luz, tinha-se desenvolvido o culto do deus Sol, Sol invictus, invocado na sua aurora. Embora o sol renascesse cada dia, facilmente se percebia que era incapaz de irradiar a sua luz sobre toda a existência do homem. De facto, o sol não ilumina toda a realidade, sendo os seus raios incapazes de chegar até às sombras da morte, onde a vista humana se fecha para a sua luz. Aliás « nunca se viu ninguém — afirma o mártir São Justino — pronto a morrer pela sua fé no sol ».[1] Conscientes do amplo horizonte que a fé lhes abria, os cristãos chamaram a Cristo o verdadeiro Sol, « cujos raios dão a vida ».[2] A Marta, em lágrimas pela morte do irmão Lázaro, Jesus diz-lhe: « Eu não te disse que, se acreditares, verás a glória de Deus? » (Jo 11, 40). Quem acredita, vê; vê com uma luz que ilumina todo o percurso da estrada, porque nos vem de Cristo ressuscitado, estrela da manhã que não tem ocaso.

Diante disso, a Lumen Fidei ressalva que “a maior prova da fiabilidade do amor de Cristo encontra-se na sua morte pelo homem. Se dar a vida pelos amigos é a maior prova de amor (cf. Jo 15, 13), Jesus ofereceu a sua vida por todos, mesmo por aqueles que eram inimigos, para transformar o coração. ”

É por isso que os evangelistas situam, na hora da Cruz, o momento culminante do olhar de fé: naquela hora resplandece o amor divino em toda a sua sublimidade e amplitude. São João colocará aqui o seu testemunho solene, quando, juntamente com a Mãe de Jesus, contemplou Aquele que trespassaram (cf. Jo 19, 37): « Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também » (Jo 19, 35)

Por isso, Santo Agostinho ressalta que “o homem não pode crer senão querendo” (tract. XXVI in Ioan., n. 2), conforme a Carta Encíclica Immortale Dei[3] (Deus imortal), do Papa Leão XIII, na qual assevera que é “costume da Igreja velar com o maior cuidado por que ninguém seja forçado a abraçar a fé católica contra sua vontade”.

Por esta razão, depositemos, de livre vontade, nossa fé em Nosso Senhor, Jesus Cristo, que é Filho de Deus, pois Ele veio ao mundo para perdoar os nossos pecados, e nos mostrar os caminhos da Glória Eterna.

[1] Disponível em: https://www.significados.com.br/fe/. Acesso em: 04 set. 2019

[2] Disponível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20130629_enciclica-lumen-fidei.html. Acesso em: 04 set. 2019

[3] Disponível em: https://w2.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_01111885_immortale-dei.html. Acesso em 04 set. 2019

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