E Deus viu que era bom! Tudo era perfeito, tudo estava em harmonia. O Homem era perfeito: imagem do seu Criador. Nesta continuação do Especial Quaresmal, vamos entender como era o homem antes da queda e como tudo começou a mudar….
À medida que nos debruçamos sobre o mistério da Criação do mundo e do homem, podemos perceber que o Senhor cria tudo porque quer e porque ama. E cada coisa é criada num dia diferente, seguindo uma intrigante ordem para cada uma de suas criações: o céu, a terra, a água, as plantas, os animais e por fim, o homem.
Foi num momento de explosão de Amor, do mais genuíno Amor, que A Santíssima Trindade criou o homem à sua imagem e semelhança[1], essa foi a primeira ação documentada da Trindade Santa. Sendo assim, confiando a Sua imagem e semelhança a este mesmo homem e o tornou capaz de amar a Deus, amar a si próprio e amar ao próximo e entregou-o toda a Sua criação.
O Catecismo da Igreja Católica nos diz que Deus na sua infinita sabedoria cria o homem ‘à imagem do Deus invisível’ onde sua inteligência participa da luz do intelecto divino. Por este motivo, sem grande esforço, o homem pode com um espírito de humildade e de respeito perceber a existência do Criador e de sua obra pelo seu intelecto e por sua inteligência ontológica. Toda criação tem como origem a bondade divina e ela participa também dessa bondade.[2]
O mais importante a ser extraído desta lição do CIC é que a inteligência humana é iluminada pela luz da Inteligência divina e isso nos capacita a perceber a existência de Deus em toda a criação. Com isso, o homem se torna o Senhor de todo ser criado e deve se colocar totalmente a serviço de Deus e de Sua Santa Vontade.
Através desse seu intelecto, o homem é capaz de conhecer a voz do criador que o inspira a fazer o bem e evitar o mal. Foi para isso que fomos criados, para sermos perfeitos como quem nos criou, para sermos tão benevolentes como quem nos criou. O desejo de felicidade do homem é algo presente desde os tempos da criação. Essa felicidade só é realmente encontrada quando nos encontramos com o Amor, ou seja, com o próprio Deus; pois fomos criados para amar de uma maneira perfeita sem a necessidade de uma reciprocidade, fomos criados para amar na essencialidade do amor, muito diferente do que vemos o mundo pregando nos dias de hoje que para amar é preciso ser recíproco para valer a pena e não foi para este amor que fomos criados, fomos criados para amar como Aquele que nos criou.
Antes do pecado original tudo vivia em perfeita harmonia entre criador e criação, era uma comunhão tão perfeita que para o homem amar a Deus e aos outros não lhe custava e não lhe demandava nada. Esta comunhão era de forma tal que o Senhor passeava pelo jardim do éden à hora da brisa da tarde para encontrar-se com a sua criação.
Estes foram tempos em que o homem vivia em plenitude junto a Deus, onde não existia pecado, não existia a ausência de Deus nem por um milésimo de segundo, onde o Amar era o real e inquestionável sentido da vida e além de tudo isso, Deus nos deu a liberdade como maior presente. Esta liberdade foi muito bem utilizada para cumprir o dever ao qual o homem foi criado, até que por desobediência a usamos para ferir o nosso Criador.
[1] Cf. (Gn 1, 26).
[2] Cf. CIC § 299.